Ministério da Saúde deve construir hospital fixo em território Ianomâmi após crise humanitária
O Ministério da Saúde planeja construir um hospital permanente dentro do território indígena Ianomâmi ainda este ano, afirmou o secretário de Saúde Indígena Weibe Tapeba ao GLOBO. A estrutura, na comunidade de Surucucu, deverá prover serviços de média e alta complexidades do Sistema Único de Saúde (SUS), como cirurgias e exames com ultrasonografia e tomografia.
A pasta atualmente trabalha, junto à Força Aérea Brasileira (FAB), na instalação de um hospital de campanha em Surucucu. Trata-se de uma unidade provisória para atendimento emergencial dos Ianomâmis que passará a realizar pequenas cirurgias já nos próximos dias.
– O hospital de campanha que será instalado nos próximos dias em Surucucu vai nos possibilitar alguns dos serviços, como pequenas cirurgias. Enquanto isso, o Ministério da Saúde já estuda uma solução definitiva. Nossa intenção é construir um hospital dentro da terra indígena – afirma Tapeba.
Para o secretário, é necessário “romper a fronteira da atenção primária” e levar ao menos atendimentos de média complexidade para dentro das comunidades indígenas, evitando locomoção dos nativos para as cidades.
– O custo para remover um paciente até a capital demanda essa política pública. Levar serviços especializados para dentro da terra, além de desafogar o sistema de saúde de Boa Vista, aperfeiçoa a nossa ação e gera mais dignidade aos parentes indígenas – explica.
Os Ianomâmis também são atendidos em um hospital de campanha construído em Boa Vista (RR), no Hospital Geral de Roraima, no Hospital Infantil Santo Antônio e na Casa de Apoio ao Indígena.
Segundo a Saúde, atualmente 369 indígenas são atendidos na Casa de Apoio (Casai). Nos hospitais de campanha, geral e infantil, já são mais de 3.800 atendimentos desde o início do decreto.
Uma comitiva da pasta chegou a Roraima nessa quarta-feira, 1°, para acompanhar as ações após declarado estado de emergência na região indígena. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, visitou os hospitais e unidades de saúde que tratam os Ianomâmis, e reforçou que a ida também se trata de “uma agenda de trabalho reconhecendo o valor de todos e todas as trabalhadoras do SUS e o empenho da prefeitura”.
Por Karolini Bandeira – Brasília
