29º Grito dos Excluídos e Excluídas teve foco em questões ambientais
Por André Luis
Nesta quinta-feira (7), Feriado Nacional da Independência do Brasil, a Diocese de Afogados da Ingazeira realizou o 29º Grito dos Excluídos e Excluídas. O evento, que ocorre anualmente, teve como foco principal questões ambientais e a barragem de Cachoeirinha, localizada na Ingazeira, Pernambuco.
O padre Luizinho, em entrevista ao programa Manhã Total da Rádio Pajeú, explicou por que a barragem de Cachoeirinha foi escolhida como um dos principais símbolos do evento. Ele destacou que a barragem, também conhecida como barragem da Ingazeira, engloba quatro municípios da região do Médio Pajeú: São José do Egito, Tabira, Ingazeira e Tuparetama. No entanto, a barragem enfrentou controvérsias desde sua construção e, apesar de seu potencial, não atendeu plenamente às expectativas da população local em termos de produção de alimentos e melhoria das condições de vida.
A barragem de Cachoeirinha, construída pelo DENOCS (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas), não foi inaugurada por nenhuma autoridade e enfrentou problemas em relação ao acesso dos ribeirinhos e à pesca predatória. O padre Luizinho ressaltou que, apesar de seu potencial hídrico, a barragem ainda não tem um destino certo para suas águas.
O tema do 29º Grito dos Excluídos foi “Você tem fome de quê?”, enfatizando a questão da fome, da água e do pão, além de abordar a importância de desenvolver políticas de desenvolvimento sustentável na região do Pajeú. O evento também abordou questões ambientais, como o desmatamento e a preservação do bioma Caatinga.
O padre Luizinho destacou que, apesar das diferenças políticas e ideológicas, o atual governo demonstra mais diálogo e compromisso com questões ambientais, em comparação com o governo anterior. Ele enfatizou a importância de promover uma cultura de paz, preservar o meio ambiente e promover o diálogo com povos indígenas, comunidades negras e diferentes culturas.
O Grito dos Excluídos é realizado todos os anos como um espaço de manifestação e reflexão sobre questões sociais, econômicas e ambientais. É realizado sempre no Feriado da Independência, ressaltando que o 7 de Setembro é uma data que pertence a todos os brasileiros, independentemente de suas ideologias políticas.
“O 7 de Setembro é uma data Magna de todo o povo brasileiro, de todas as raças, de todas as classes. Infelizmente, teve um grupo no governo passado, que quis se apossar do dia 7 de Setembro como uma data da ideologia da direita e não é. O 7 de Setembro é do povo brasileiro, dos índios, dos negros, brancos, é das crianças, dos jovens e de todos os partidos, de todas as tendências partidárias, portanto, é diferente sim. É tanto que a prova do que eu tô dizendo, é que continua tendo excluídos, não foi o governo atual que mudou a face do país, mas o diálogo é diferente, as propostas são diferentes. O Grito continua por isso. A dívida social do Brasil é tão grande que nós vamos ter muitos gritos dos excluídos para poder ter um país realmente independente. Independente na sua totalidade”, refletiu Padre Luizinho.
O evento contou com a presença de autoridades, como o deputado federal Carlos Veras (PT), o deputado estadual José Patriota (PSB), o prefeito de Ingazeira, Luciano Torres (PSB), entidades como a FETAPE e o público em geral, refletindo a importância de discutir e buscar soluções para os desafios enfrentados pela sociedade brasileira.
A programação começou às 5h30, com celebração eucarística próxima à parede da Barragem de Cachoeirinha, presidida por dom Egidio Bisol e concelebrada pelo padre Luizinho.
Às 7h, aconteceu a caminhada com destino a comunidade Nossa Senhora Aparecida onde foi servido um café solidário. Às 8h40, teve a caminhada com destino à Ingazeira e em seguida, aconteceu o ato em defesa da Barragem de Ingazeira e do Rio Pajeú.